Expedição Patagônia Chilena
Carretera Austral 2017 - Troller
Por Alexandre e Eliane
15º Dia | 19/01/2017 | quinta feira | 270 Km | Puerto Tranquilo - Coyhaique
Optamos por fazer o nosso retorno pela Carretara Austral, embora isto significasse percorrer novamente 670 Km, entre Puerto Tranquilo e a bifurcação de Futaleufú, mas o objetivo era conhecer o trecho norte, o Lago Yelcho, a cidade de Chaiten e a conexão de balsas até Puerto Montt. Se o objetivo fosse chegar mais cedo de volta ao Rio, a melhor opção seria via Argentina, passando por Chile Chico e de lá Ruta 40, sentido norte.
Saímos de Puerto Tranquilo, sem pressa, passeando, voltando para Coyhaique, considerada uma cidade grande para os padrões da região e capital do turismo da região. Tem boa infraestrutura, inclusive um bom hospital.
Ficamos hospedados num excelente hotel, o Dreans Patagônia Cassino, que na ocasião também hospedava um grupo de motociclistas argentinos que viajavam pelo continente apoiados por uma completa estrutura de carros de apoio e motos reserva.
16º Dia | 20/01/2017 | sexta feira | 377 Km | Coyhaique - Puerto Cardenas
A maior parte deste trecho da viagem já era conhecida o que tornou a viagem mais relaxada e permitiu sentir melhor a Carretera Austral.
O único imprevisto foi que a estrada estava em obras, alternado trechos tipo off road com outros “siga e pare”. Isto fez com que chegássemos muito tarde no hotel e mal aproveitamos o lugar.
Puerto Cardenas fica às margens do Lago Yelcho (11 hectares de extensão e origem glacial) e ficamos hospedados num outro Lodge, Yelcho de La Patagônia. Excelente, oferecia inclusive a experiência da pesca de salmon em pequenos barcos do próprio hotel, que não pudemos vivenciar pois chegamos tarde.
17º Dia | 21/01/2017 | Sábado | 305 Km (bimodal) | Puerto Cardenas – Puerto Varas
Este foi o dia de maior expectativa. Tínhamos comprado as passagens das balsas pela internet, mas não conhecíamos o sistema de transporte por balas e nem o seu funcionamento.
O primeiro ponto de embarque seria a cerca de 101 Km de Puerto Cardenas, em Caleta Gonzalo, as 10 hs. Nos informaram ainda tínhamos que validar os bilhetes na agência do transportador, na cidade de Chaiten que fica a 44 Km de Puerto Cardenas e 57 Km do ponto de embarque.
Saímos do hotel bem cedo, em direção a Chaiten. A primeira surpresa foi a cidade de Chaiten, completamente arrasada pela erupção do Vulcão Chaiten em 2008 que interrompeu inclusive o tráfego aéreo em vários aeroportos da Argentina e do Chile. Vai demorar muito tempo para a reconstrução total da região.
A validação dos bilhetes foi simples e rápida, conseguimos chegar a tempo no primeiro ponto de embarque. Fizemos um lanche e relaxamos.
O sistema de transporte bimodal é composto pelos seguintes trechos assim distribuídos: (i) Caleta Gonzalo – Fiordo Largo (45 minutos de navegação); (ii) Fiordo Largo – Leptepú (10 km de rípio no meu do nada); (iii) Leptepú - Hornopiren (3 horas e 30 minutos de navegação); (iv) Hornopiren – Puelche (60 Km de rípio no meio do nada); (v) Estuário Reloncavi – La Arena (45 minutos de navegação); e finalmente (vi) 45 km de asfalto até Puerto Montt, marco zero da Carretera Austral (Ruta CH 7). As balsas são muito confortáveis e contam com lanchonetes a bordo.
Foi um dia incrível, o trecho norte da Carretera, a cidade de Chaiten e o ponto alto, a navegação pelos fiordes chilenos formados pelo Oceano Pacífico.
Ficamos hospedados em Puerto Varas, no Hotel Bellavista, localizado a beira do Lago Llanquihue e de frente para o Vulcão Osorno. O contratempo foram as ruas no entorno do hotel estarem interditadas para uma festividade e o trânsito totalmente congestionado. Se não fosse a compreensão de um guarda chileno, não teríamos conseguido chegar ao hotel naquele dia.
Foi o último dia do Troller na terra e do turismo de aventura. Esvaziei o tanque de combustível adicional, lavei bem e guardei dentro do carro. Isto foi necessário pois com o tanque no bagageiro do teto, o Troller não entra em garagens de hotel.
18º Dia | 22/01/2017 | domingo | Puerto Varas
Dia de descanso e passeio a pé pela cidade.
Reformulamos as roupas. Guardamos as botas, calças de trecking, casacos e etc. e substituímos por roupas esporte leves. A partir de agora só cidades turísticas, grandes centros, bons hotéis e restaurantes.
19º Dia | 23/01/2017 | Segunda feira | 334 Km | Puerto Varas - San Martin de L. Andes
Saímos de Puerto Varas com destino a Argentina, pegamos a Ruta Ch 217 e Ruta Arg 231, que liga Entre Lagos no Chile a Vila Angustura na Argentina através do Passo Internacional Cardenal Antônio Samore.
Como é uma rota turística e de fluxo intenso entre os dois países, o sistema de emigração é bem estruturado e não se perde muito tempo nos trâmites aduaneiros.
Já em território Argentino, um pouco antes de Vila Angustura viramos à esquerda na Ruta 40 que dá acesso a San Martin de Los Andes. É uma das localidades turística importantes da região, ao lado de Vila Angustura e Bariloche. A Ruta 40 neste trecho percorre as margens do Lago Lacar, com uma paisagem única.
Ficamos hospedados no Patagônia Plaza Hotel, muito bem localizado e confortável.
Visitamos a cidade a pé, que tem uma arquitetura característica e é muito arborizada. Uma linda cidade.
20º Dia | 24/01/2017 | Terça feira | 436 Km | San Martin de L. Andes - Neuquén
Este dia de viagem não trouxe novidade pois fizemos o caminho inverso numa região desértica com poucos atrativos. Ficamos hospedados em Neuquén no mesmo hotel da ida, Howard Joohnson. Como chegamos cedo, no início da tarde, tivemos tempo para conhecer melhor a cidade e fomos até a um Shopping para viver melhor a cultura local. Jantamos no próprio Hotel.
21º Dia | 25/01/2017 | Quarta feira | 540 Km | Neuquén - Santa Rosa
A exemplo do dia anterior, fizemos o caminho inverso neste trecho com a diferença que queríamos chegar o mais cedo possível em Santa Rosa para aproveitar o La Campina Club Hotel & Spa. Chegamos a Santa Rosa às 14 hs e tivemos uma tarde de descanso relaxante no Spa do Hotel. À noite jantamos no excelente restaurante do Hotel..
22º Dia | 26/01/2017 | quinta feira | 613 Km | Santa Rosa - Buenos Aires
Saindo de Santa Rosa, Buenos Aires não é o caminho mais curto para se chegar ao Brasil, mas queríamos passar uns dois dias revisitando a Capital Argentina.
Ficamos hospedados na Ricoleta, no Hotel Dazzler, local muito bom e agradável.
23º Dia | 27/01/2017 | Sexta feira | Buenos Aires dia livre
Visitamos os pontos turísticos tradicionais da cidade, andamos pelo centro e observamos uma cidade limpa e organizada. Tivemos uma sensação de segurança ao caminhar pela cidade, sensação muito diferente da vivenciada hoje na cidade do Rio de Janeiro.
Recomendamos a quem for a Buenos Aires jantar no Las Llilas em Porto Madero, almoçar no El Establo perto da Florida e tomar um café na Confeitaria Las Violetas ou no Café Tortone.
Reavaliamos o trecho seguinte, de Buenos Aires a Rivera no Uruguai, inicialmente previsto através das Rutas 12 e 14 na Argentina e cruzando para o Uruguai em Colón / Paissandu até chegar a Rivera. Seriam 680 Km, mais o tempo na fronteira, o que demandaria o dia inteiro e seria muito cansativo.
A opção foi o Buquebus, um ferry entre Buenos Aires e Colônia de Sacramento no Uruguai e de lá seguir para Rivera na fronteira com o Brasil. Os bilhetes foram comprados com facilidade pela internet. Dentre outras vantagens, o Ferry tem casa de câmbio a bordo. Tivemos dificuldade em comprar pesos Uruguaios em Buenos Aires.
24º Dia | 28/01/2017 | Sábado | 521 Km | Buenos Aires - Rivera no Uruguai
Saímos do Hotel bem cedo, o Ferry saía as 08:15 hs e em pouco mais de uma hora estávamos em Colônia de Sacramento no Uruguai.
Para quem não conhece, vale a pena programar uma noite em Colônia de Sacramento, cidade histórica de colonização portuguesa muito bem preservada.
Desembarcamos do Ferry e fomos em direção a Durazno, região central do Uruguai e de lá, pela Ruta 5 até Rivera. O trajeto não tem atrativo algum, não é rota turística, mas as estradas são vazias e tranquilas. Chegamos em Rivera no meio da tarde.
Rivera no Uruguai e Santana do Livramento no Brasil na realidade formam uma única cidade. A diferença é que no lado Uruguaio tem Cassino, Free Shop e um excelente hotel, o Rivera Cassino, onde ficamos hospedados.
O Free Shop é enorme, com produtos de qualidade a bons preços. Enchemos o pouco espaço restante do Troller com “regalos”.
25º Dia | 29/01/2017 | domingo | 496 km | Rivera - Porto Alegre
O trajeto mais rápido entre Rivera e Porto Alegre é pela BR 290, só que a estrada está completamente esburacada, não tem terceira faixa, tem um trafego intenso de caminhões o que torna a viagem tensa e demorada. Resultado, chegamos em Porto Alegre só no meio da tarde.
Ficamos hospedados no Hotel Quality Moinhos, no Bairro Moinhos de Ventos. Passeamos na região, jantamos e nos recolhemos no hotel.
26º Dia | 30/01/2017 | Segunda feira | 616 km | Porto Alegre - Joinville
A distância entre Porto Alegre e Rio de Janeiro é de 1571 Km e, normalmente fazemos pela BR 116 com uma só parada em Curitiba. Como já estávamos viajando há quase um mês, decidimos fazer este trecho com duas paradas, pernoitando em Joinville e São José dos Campos.
Saímos de Porto Alegre pelo litoral, via BR 101 e só chegamos a Joinville no final da tarde. Pegamos muita chuva e 15 Km de engarrafamento, andando em primeira marcha, na região de Florianópolis.
Ficamos hospedados no Hotel Mercure de Joinville, passeamos pela cidade e jantamos no próprio hotel.
27º Dia | 31/01/2017 | Terça feira | 615 km | Joinville - São José dos Campos
Saímos de Joinville pela BR 116 com destino a São Paulo, pegamos muita chuva na estrada, mas ao chegar em São Paulo o tempo já estava bom. Perdemos algum tempo na marginal e chegamos em São José dos Campos pela Dutra.
Ficamos hospedados no Hotel Ibis, estrategicamente localizado ao lado da Dutra e em frente de um grande shopping.
28º Dia | 01/02/2017 | quarta feira | 340 km | São José doa Campos - Rio de Janeiro
Último trecho de uma viagem fantástica sem nenhum problema. De volta ao lar! O Troller foi um sucesso, surpreendeu
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Demais Informações:
O Troller | Escolha e preparação
Esta foi a quinta viagem rodoviária que fizemos ao Cone Sul. A primeira em 2008, fomos de Motocicleta (BMW R 1150 GS) a Puerto Montt e Bariloche.
Em 2011 fui com um amigo de Motocicleta (BMW K 1300 GT) ao Atacama e Antofagasta no Pacífico. A experiência foi tão marcante que, em 2013, voltamos, eu e minha esposa de HIllux diesel 4x4, e fizemos um percurso de volta radical através do Passo de San Francisco.
Em 2014, retornamos ao Uruguai de motocicleta (BMW K 1600 GTL) numa viagem mais curta até Colônia de Sacramento.
Como sempre tivemos o desejo de ter um Troller, o pretexto foi a viagem há tempos sonhada de percorrer a Carretera Austral.
A dúvida estava na autonomia do Troller, o tanque é pequeno, a falta de assistência técnica fora do Brasil e a ergonomia da cabine. Deixamos todas estas dúvidas de lado, compramos um Troller zero em junho/2016, rodamos com ele cerca de 10.000 km antes da viagem para nos certificarmos que não tinha defeito algum de “nascença” e encaramos o desafio. O resultado foi o melhor possível. O Troller não cansou, não apresentou nenhum problema e fez uma média de consumo de 9,5 km por litro de diesel. Superou nossas expectativas!
Para acomodar a bagagem pessoal e os “itens de segurança” retiramos os dois bancos traseiros, instalamos um bagageiro pequeno no teto, para poder transportar o galão de combustível fora do veículo e manilhas no para-choque da frente para a eventualidade de ter que ser resgatado. Fora isso o Troller foi totalmente original.
Os chamados “itens de segurança” foram:
• Manual e chave reserva;
• Mais um estepe (total dois);
• Galão de 20 litros de combustível;
• Funil para abastecimento;
• Chave de roda tipo cruz grande;
• Cinta de desatolamento;
• Kit de reparo de pneu;
• Compressor portátil de ar;
• Mangueira de alta do turbo com braçadeiras, de reserva;
• Sabão líquido para o limpador de para-brisas (dois frascos);
• Tirantes e extensores;
• Jogo completo de ferramentas de uso geral;
• Abraçadeiras de poliamida;
• Silver tape;
• Luvas de proteção;
• GPS com mapas atualizados;
• Mapas rodoviários da Argentina, Chile e Uruguai;
• Extensão do perímetro do seguro para os países visitados (tivemos dificuldade em fazer este seguro para países fora do Mercosul). O Troller estava segurado na Sulamérica, que se negou a fazer a extensão do perímetro para o Chile. A solução encontrada foi cancelar a Sulamérica, com prejuízo e fazer novo seguro na Tokio Marine);
• Seguro chamado de Carta Verde para os países visitados (também encontramos dificuldade em fazer este seguro no Rio de Janeiro. A solução foi contratá-lo numa corretora em Foz do Iguaçu);
• Seguro Obrigatório de Acidentes Pessoais para o Chile, equivalente ao nosso DPVAT. É uma exigência recente das autoridades chilenas, mas é muito simples e barato de se obter (Site da Seguradora HDI no Chile – USD 11 por um mês).
Cuidados com a Segurança Pessoal:
Como boa parte da viagem se daria em localidades remotas, além da contratação do seguro de viagem tradicional e estarmos minimamente condicionados fisicamente, levamos alguns itens de segurança pessoal, tendo em vista que o socorro na eventualidade de ser necessário poderia demorar muito.
Os chamados “itens de segurança pessoal” foram:
• Rastreador / Localizador por satélite SPOT;
• Kit de medicamentos e primeiros socorros;
• Kit de oxigênio portátil (tipo usado por montanhistas);
• Muita água;
• Alimentos não perecíveis;
• Lanterna;
• Apito;
• Canivete multiuso;
• Isqueiro, caixa de fósforo; e
• Velas.
Links Úteis:
www.hdi.cl - HDI Seguros (DPVAT para o Chile)
www.igufoz.com.br – Agente de Locação em Foz do Iguaçu (Carta Verde)
www.taustral.cl - Transporte de Balsas para Puerto Montt
www.ayacara.cl – Catamarã para Laguna San Rafael
www.kalapalo.com.br - Guia de Trilhas – Carretera Austral de Bicicleta
Agradecimentos
Agradecimento especial a minha esposa, Eliane, minha companheira há 43 anos e parceira nas nossas aventuras que torna as viagens ainda mais especiais.
Agradeço também aos idealizadores e administradores do site T4 CLUBE BRASIL que abriram espaço para troca de experiências entre os amantes de Troller.
Por fim, me coloco à disposição para passar mais informações sobre viagens na América do Sul.
Alexandre