O ano era meados de 2000, provavelmente em uma época de pouca chuva. Eu era moleque, só pensava em surf, churrasco, cerveja e mulher, a vida era encontrar o local certo para surfar a onda perfeita sem gastar muito.
Naquele dia o mar do litoral norte de São Paulo estava com poucas ondas, foi então que resolvemos ir até a praia de Castelhanos em Ilha Bela, na época uma praia onde só se chegava de jipe ou a pé (aproximadamente 15 km de trilha).
Eu estava com a Saveiro da empresa, um amigo colocando pilha e mais nada para fazer, então ignorando as orientações alheias resolvemos ir para Castelhanos de Saveiro mesmo.
Na foto eu (bermuda verde) e o Digão, parceiro do surf!
A ida foi tranquila, bem melhor que imaginávamos, a trilha esta boa, alguns buracos, algumas erosões, mas a Saveiro foi muito bem.
Chegando em Castelhanos existe uma travessia de rio, vi alguns carros estacionados antes do rio, mas como eu não ficaria satisfeito se não chegasse com a Saveiro na areia da praia, resolvemos tocar adiante, atravessamos o rio bem baixo sem maiores dificuldades.
Achei estranho ao observar a praia, só haviam caminhonetes grandes e jipes, mas não dei muita importância, surfamos o dia todo, depois de muitas horas e muitas picadas de borrachudos resolvemos voltar.
Chegando no rio raso e tranquilo que passamos, agora a água tinha subido muito, praticamente a altura da roda, ficamos uma meia hora resolvendo se iríamos ou não passar com a Saveiro por ali, mas não tinha opção, era passar ou dormir na praia.
Então arriscamos, acelerei tudo, rezei e fui..... hahahhaha claro que não deu certo. A Saveiro apagou dentro do rio, a água começou a entrar pela porta e as coisas começaram a boiar dentro do carro, eu vi a carteira do meu amigo boiando e dei muita risada, moloque é foda, pode cair o mundo que não perde a piada.
Descemos do carro no meio do rio e resolvemos esperar alguém para nos resgatar, então que apareceu uma Toyota Bandeirante vermelha que passou como se estivesse atravessando uma poça de água, o motorista com um sorriso no rosto, eu olhei e não acreditei em tamanha tranquilidade.
Foi nesse momento que eu coloquei na cabeça.. Eu quero um jipe!!!!
Corri até ele e pedi pelo amor de Deus me tirar do meio do rio, claro que ele me ajudou, pegou uma corda e me puxou tranquilamente para fora daquela situação.
Eu fui pedir uma chave de vela para o jipeiro, pensávamos em sacar as velas e verificar se tinha entrado água no motor, mas ele respondeu:
- Eu não tenho, isso aqui é um jipe!
Eu não entendi nada, só fui entender anos depois que motor diesel não usa velas. Sem uma chave de velas resolvemos tirar somente o filtro de ar encharcado, rezamos novamente, foi bater na chave e por milagre o motor pegou.
Demorou 13 anos, mas em 2013 eu comprei meu jipe, um dos primeiros passeios que fiz foi Castelhanos só que dessa vez eu era o cara do jipe!! Melhor ainda o cara do Troller!!
Grande Abraço!